1.31.2009

Querido diário…

É bom que tenha, de vez em quando, o discernimento de perceber que isto não é propriamente um diário…

Apetecia-me um desabafo, apetecia-me, mas é melhor manter aquele textinho tão aliviante bem guardadinho numa pasta qualquer…

Mas tinha que dizer qualquer coisinha… qualquer coisinha… só para não explodir…

1.16.2009

Sometimes...

"Esquece tudo o que te disse"

Filme de António Ferreira

Música de António Variações

1.02.2009

...

É… A vida é uma coisa muito estranha…
Corações solitários procuram companhia nos locais de trabalho…
Corações acompanhados que se sentem ainda mais solitários…
Corações que procuram, no vazio, sentimentos antigos que não voltam nunca mais… que culpam inconscientemente o objecto do seu desejo por não mais o desejarem.

É… quem nos ensina por que devemos lutar?
Na incógnita do futuro, quem nos explica por que vale a pena lutar?
Se pudéssemos saber onde tudo isto nos irá levar…

Ler, em blogs conhecidos, sentimentos de partidas e regressos. Esse sabor tão intenso e tão íntimo das partidas e dos regressos… A sensação de não pertencer a nada e de abraçar o mundo inteiro…

Eu quero pertencer-te…

Eu quero ultrapassar o cabo das tormentas que é a angústia no teu olhar…

É preciso vir à tona.
É preciso respirar.
É preciso permitirmo-nos coisas novas.
Reconstruir não é só esgravatar nos destroços e colar peças partidas. É também inovar, encontrar novas soluções. É parar de procurar o que já não existe e deixar que algo de novo aconteça.
E até que ponto podemos nós mandar nas emoções?

Eu quero ultrapassar o cabo das tormentas que é a angústia no teu olhar…
Eu quero que tu o ultrapasses também…

É… A vida é uma coisa muito estranha…

Gostava de interpretar as nossas nostalgias profundas como sensações inevitáveis de poetas. Gostava de ler nelas aquilo que nos identifica. Como se fosse especialmente nossa essa necessidade do profundo e do lancinante. Gostava de achar que isso nos torna mais próximos, que isso nos limpa e nos regenera para o que está ainda por vir.
Mas não sei…
Não sei se ainda podemos sacudir esta poeira de cima dos ombros ou se já nos deixámos enterrar…

É… quem nos ensina por que devemos lutar?

Pode ser que um dia destes qualquer coisa nos faça rir sinceramente e que nesse pequenino espaço de cumplicidade renasçam todas as coisas boas do mundo…

Ou pode ser que não… pode ser que nos arranquemos um do outro definitivamente, como gémeos siameses sujeitos a uma cirurgia de separação, como um tecido que se rasga de forma incerta e é preciso coser as bainhas para não continuar a desfiar…

Pode ser que qualquer coisa nos apanhe desprevenidos e nos faça rir às gargalhadas…
Pode ser que te enganes e que me telefones a contar uma coisa qualquer e que te apeteça apanhar um avião para muito longe…
Pode ser que compres uma casa na baixa, que a decores num estilo seventies ou eighties e que me convides para jantar. Pode ser que nos saibam muito bem esses momentos, que volte a apetecer-te partilhar aquela música comigo, aquela que não me diz nada e que passa a dizer tanto… pode ser que fique, que queiras que fique e que nunca mais me vá embora…
Pode ser que seja ainda hoje esse dia, que seja hoje que vimos de Lamego a mandar larachas no banco de trás do carro do teu irmão. Pode ser hoje o dia em que vimos divertidos a evitar as estradas com neve e demoramos muito tempo… o dia em que deixamos o Benfica a meio porque temos muita vontade de nos abraçar… Pode ser que seja hoje que nada mudou e estamos felizes…

Pode ser hoje esse passado futuro em que dobramos o cabo das tormentas que é a angústia do teu olhar, em que nos são bruscamente devolvidas as certezas e o poder de fazer o mundo todo muito maior…

Porque eu amo-te… eu amo-te… desse amor expectante que é o amor, desse amor sem limites que é o amor, desse amor corajoso e apavorado, patético, frágil, poderoso…
Eu amo-te como uma menina pequenina cheia de medo… e cheia de esperança, também…